Entre a dança e a bocha, duas vidas florescem ao serem vistas, ouvidas e apoiadas, em uma jornada impulsionada pela Capitalização Filantropia Premiável.
Por trás de portas que se abrem todos os dias em centenas de cidades brasileiras, as APAEs, impulsionadas pela Capitalização Modalidade Filantropia Premiável, guardam uma força complexa. São espaços que acolhem, escutam, ensinam, reabilitam e, sobretudo, acreditam. Em Porto Alegre e Lajeado, duas trajetórias mostram o quanto esse cuidado rompe barreiras que, por vezes, pareciam intransponíveis.
Diandra, 30 anos, e Wesley, 13, têm desafios distintos, mas um mesmo ponto de partida: foram acolhidos por instituições que ampliaram seus mundos e lhes apresentaram possibilidades em contextos nos quais antes havia incerteza. Suas histórias são lembretes de que inclusão é superior a um conceito; é prática diária, construída com paciência, técnica, afeto e investimento. Além disso, é resultado direto da rede de apoio que garante a existência das APAEs.
Descoberta e independência
Quando chegou à APAE de Porto Alegre, há 11 anos, Diandra da Costa Netto apresentava dificuldade de aprendizagem e pouca autonomia. Guardava também um desejo de aprender, crescer e seguir adiante.
“Fui bem atendida aqui, bem acolhida. Aprendi regras, rotina, estudos… Fiz dança, teatro, capoeira, handebol, padaria, fábrica. Aprendi muito mesmo”, conta, sempre sorrindo.
Aos poucos, Diandra foi se descobrindo — não só nos cadernos, mas nos palcos, nas conversas, na convivência. “Sempre gostei de dançar. A música é uma terapia”, diz ela, com a segurança de quem sabe exatamente o que sente.
Ao longo do tempo, a jovem encontrou na instituição pertencimento. Tornou-se amiga, conselheira e animadora dos colegas. “Eu digo para eles não ficarem estressados, que isso faz mal à saúde. Eles têm que ter a autoestima lá em cima”, conta, repetindo o que aprendeu.
Mas a grande virada veio quando entrou no mercado de trabalho. O emprego, alcançado com apoio da equipe técnica da APAE, trouxe independência, estabilidade e um impacto silencioso, porém profundo: ela não precisou mais tomar a medicação que usava há anos por ansiedade.
“Depois que o Seu Vicente (psicólogo Vicente Coda que acompanha a Diandra) arrumou o serviço, ela deixou de tomar remédio”, conta o pai, Paulo Norberto. “A APAE não foi só uma escola voltada para ela — foi uma escola voltada a mim. Aprendi muito aqui.”
Segundo a pedagoga Vania Piantá, que testemunhou a mudança, a estudante superou barreiras. “Ela tinha muitas dificuldades na alfabetização, mas tinha desejo de aprender. Hoje ela organiza a própria rotina, vai sozinha ao trabalho, voltou com autonomia que antes não tinha. É muito gratificante ver isso.”
A psicologia também teve papel decisivo. De acordo com o psicólogo Vicente Coda, que atua há dez anos na APAE – Porto Alegre, o fundamental é enxergar o indivíduo antes da deficiência.
“Eles têm objetivos, desejos, projetos. Nosso papel é abrir caminhos e oferecer suportes. E quando isso acontece, eles se comprometem de um jeito admirável.”
Hoje, ela tem estabilidade profissional, rotina, independência e a certeza de que sua história segue crescendo. “Pro pessoal eu digo: não desistam dos sonhos. Vai atrás, faz o currículo, entrega. Trabalhar é muito bom.”
O menino que transforma limitações em orgulho
Em Lajeado, quem cruza o portão da APAE conhece um nome que circula de sala em sala com reverência e ternura: Wesley dos Santos, 13 anos, aluno da Escola de Educação Especial Bem Me Quer.
Wesley encontrou na bocha paralímpica não só uma terapia, mas um destino. A professora de Educação Física, Magiela Cristina Dresch, percebeu o talento que poucos enxergavam no menino tímido e perfeccionista.
“Ele nunca mais quis parar. Desde o primeiro treino, mostrava força, precisão e foco”, conta a treinadora.
A disciplina exige muito treino, adaptações e aprendizado de novas técnicas na bocha paralímpica, modalidade que demanda precisão extrema. Wesley disputou campeonatos em nível municipal, estadual e nacional. Cada participação trouxe conquistas que mudaram sua vida: desde um terceiro lugar em sua primeira competição nacional até o título de campeão brasileiro na seguinte. Ao voltar a Lajeado, a recepção foi um desfile em caminhão dos bombeiros, sob aplausos e lágrimas de emoção.
“Foi bom demais”, resume o menino.
Seu vínculo com a treinadora Magiela ultrapassa a quadra; nas Paraolimpíadas em São Paulo, em 2024, ela acompanhou o aluno à distância, por videochamada, e lembra: “Eu ficava aqui, esperando mensagem para dizer ‘parabéns’. São eles que me fazem vitoriosa.”
A mãe, Catarina, enxerga no filho coragem. “O momento mais marcante foi quando fomos sozinhos a São Paulo. Foi desafiador, mas ele estava tão feliz. Hoje ele é meu pequeno grande campeão.”
Acolher, adaptar e qualificar são parte da missão da APAE de Lajeado. A instituição, que buscou recursos e lutou a fim de que seus alunos pudessem ir além, nasceu há 54 primaveras. A diretora Ana Paula Rech lembra que a unidade surgiu pela mobilização de pais que, como Catarina, procuravam oportunidades que seus filhos não tinham no ensino comum.
“Quando as famílias entendem o papel da APAE, elas sabem que não é só o aluno que é acolhido, a família também é. A vida pode ser boa, mesmo com desafios. É isso que mostramos todos os dias.”
A unidade atende diversos municípios e mantém uma estrutura considerada referência: salas climatizadas, equipamentos atualizados, profissionais especializados e infraestrutura de primeiro nível. Muitos desses diferenciais foram viabilizados por recursos da capitalização, essenciais para a garantia de sustentabilidade e expansão.
De olho na solidariedade
A Filantropia Premiável, fonte de recursos para cerca de 60 instituições em todo o país, consolidou-se como uma das modalidades que mais crescem no mercado de capitalização. Considerada a alternativa mais solidária do segmento, ela permite que o comprador de um título contribua diretamente com uma instituição de assistência social — como as APAEs — ao mesmo tempo em que concorre a prêmios.
Dados da FenaCap – Federação Nacional de Capitalização mostram que o segmento vem registrando um crescimento contínuo e expressivo: no ano de 2022 movimentou R$ 3,23 bilhões; em 2023 saltou para R$ 3,75 bilhões; em 2024 ultrapassou a marca de R$ 4 bilhões ao atingir R$ 4,05 bilhões; e, até julho de 2025, já acumulava R$ 2,5 bilhões.
Esse progresso tem um efeito direto no impacto social. De acordo com a SUSEP – Superintendência de Seguros Privados, os montantes transferidos a instituições filantrópicas por meio dessa modalidade também aumentaram, subindo de R$ 1,48 bilhão em 2022 para R$ 1,61 bilhão em 2023, e atingindo R$ 1,93 bilhão em 2024. Até julho de 2025, já havia acumulado R$1,2 bilhão.
Com vigência a partir de 60 dias, parte do valor pago pelo comprador é destinada à entidade beneficiada, em um mecanismo simples, transparente e altamente eficaz para fortalecer organizações que prestam serviços gratuitos, mas que dependem de financiamento contínuo para manter suas atividades.
“Mesmo sendo gratuito para quem acessa, não é gratuito para quem oferta”, explica Ana Paula, diretora da APAE de Lajeado. “E para oferecer o melhor, cada apoio faz diferença.” Ela reforça: “A Filantropia Premiável é um canal que nos permite ampliar muito mais aquilo que a gente já oferta na APAE de Lajeado.”
Para Diego Zugno Kulczynski, Diretor da ApliCap Capitalização — sociedade de capitalização especializada na modalidade Filantropia Premiável e responsável pelos produtos que direciona recursos para as FEAPAES-RS – Federação das Apaes do Rio Grande do Sul, — o avanço do setor reflete o engajamento crescente da sociedade:
“Quando a população escolhe um título de Filantropia Premiável, ela não está apenas concorrendo a prêmios. Está, principalmente, permitindo que entidades fundamentais para o país sigam atuando. É uma ferramenta moderna, segura e socialmente transformadora.”
A soma de pequenos gestos individuais tem se convertido em uma das maiores fontes de sustentabilidade para instituições que fazem diferença todos os dias. A Filantropia Premiável mostra, na prática, que a solidariedade e a chance de ganhar prêmios podem caminhar lado a lado.
A inclusão evidencia o possível
Diandra e Wesley não se conhecem. Vivem em cidades diferentes, com rotinas e desafios distintos. Mas seus caminhos são tocados pela mesma rede de cuidado e ambos se beneficiam de recursos vindos da capitalização, modalidade filantropia premiável.
Ambos encontraram um ambiente no qual podem ser autênticos e ver seus anseios se concretizarem. Diandra alcançou emprego, autonomia e expressão. Wesley, por sua vez, descobriu a bocha, coleciona triunfos e projeta futuro no esporte.
Essas narrativas tratam, de fato, de superação, mas também de investimento social, políticas públicas, filantropia, profissionalismo e carinho. É este último — o afeto — que sustenta cada sessão, cada acolhimento, cada êxito.
Nas entidades filantrópicas, a inclusão não é discurso. É ação, é cotidiano e é compromisso. E, conforme testemunhado, representa a fronteira entre uma existência restrita e uma vida repleta de horizontes.
Matéria publicada originalmente no JRS.digital – https://jrsportal.com.br/artigo-jrs/cotidiano-e-esperanca-os-caminhos-de-diandra-e-wesley-nas-apaes-gauchas/